A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou nesta sexta-feira (28) uma audiência pública para discutir os impactos socioambientais da ferrovia de curta distância proposta pelo Grupo Cedro Participações. O projeto prevê ligar os municípios de Mateus Leme e São Joaquim de Bicas com foco no escoamento de minério de ferro.
Durante a audiência, representantes de Igarapé cobraram mais transparência sobre a iniciativa, que já conta com autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mas ainda gera dúvidas entre os moradores e autoridades locais.
A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), responsável pelo pedido de audiência, destacou que o direito à informação ambiental precisa ser garantido. Ela criticou o avanço do projeto sem diálogo com as comunidades diretamente impactadas.
Entre os pontos mais questionados estão os possíveis danos ambientais, desapropriações e mudanças na dinâmica urbana das cidades. Moradores relataram visitas de representantes do Grupo Cedro às suas casas, mas sem clareza sobre os objetivos ou consequências da obra.
— Tivemos notícia desse projeto apenas por meio de boatos que começaram a circular em novembro de 2024. Boatos que apavoraram a população. Nunca tivemos, até hoje, nenhuma explicação oficial da Cedro. Estamos às cegas, com medo, sem saber o que vai ser do futuro — relatou Isabela Oliveira, moradora do bairro Alto Bela Vista, em São Joaquim de Bicas.
O projeto da ferrovia prevê uma extensão de 32 quilômetros, conectando-se à malha ferroviária do Sudeste e ao Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro. Apresentada como a primeira “short line” do país — modelo de ferrovia curta para uso logístico estratégico — a iniciativa tem gerado crescente resistência nas cidades afetadas.
Mesmo diante da mobilização popular, o Grupo Cedro Participações não enviou representantes para a audiência — a segunda ausência em discussões públicas sobre o tema. A falta de diálogo direto com a população foi duramente criticada por parlamentares e lideranças locais.