Um vídeo publicado pelo prefeito de Betim nas redes sociais abriu um embate público com o vereador Dudu Braga em torno do projeto de lei que trata do IPTU de 2026, já encaminhado à Câmara Municipal. Enquanto o vereador afirma que a proposta vai deixar o imposto mais caro para a população, o prefeito nega aumento e diz que está apenas cumprindo uma determinação do Tribunal de Contas do Estado para atualizar os valores dos imóveis.
O debate ganhou força depois que Dudu Braga divulgou um vídeo nas redes sociais em que critica o texto enviado pelo Executivo. Na gravação, ele afirma que o “IPTU mais caro para você” seria, segundo ele, a “nova campanha da Prefeitura de Betim”. O vereador diz estar assustado com o projeto e declara que muita gente que hoje não paga passará a pagar o imposto, além de defender que, para quem já paga, o valor vai aumentar muito, podendo até dobrar.
Dudu relaciona a proposta à criação de cerca de 300 cargos na administração municipal, que, de acordo com ele, teriam sido criados para “acomodar a turminha de campanha”. Na avaliação do parlamentar, “a conta chegou” e quem vai pagar é o contribuinte, “com o boleto do IPTU”. No vídeo, ele também afirma que seu voto será contrário ao projeto e diz contar com a pressão popular para tentar barrar o que chama de abuso.
Depois da repercussão, o prefeito gravou um vídeo em resposta, no qual rebate as críticas, fala em informações “incompletas” e classifica como fake news a interpretação de que o projeto representa um aumento de imposto. Ele afirma que governar é fazer escolhas, muitas vezes difíceis, e diz que prefere ser um prefeito responsável com o futuro da cidade a ser um prefeito demagogo.
No pronunciamento, o prefeito afirma que as alíquotas do IPTU para 2026 serão reduzidas e que todas elas serão diminuídas. Segundo ele, o que muda é o valor venal dos imóveis, que passaria a ser ajustado para se aproximar do valor real praticado no mercado imobiliário, em cumprimento a uma decisão do Tribunal de Contas do Estado. Ele lembra que o município já havia sido acionado anteriormente por manter valores irreais na planta de IPTU e diz que o ajuste é necessário para evitar responsabilização criminal.
O prefeito admite que, com a atualização, algumas pessoas vão pagar mais, principalmente aqueles com maior patrimônio, citando “os mais ricos”, incluindo o próprio vereador e um “eterno candidato” a quem ele se refere no vídeo. Ao mesmo tempo, insiste que outras pessoas poderão pagar menos e reforça que quem discordar do valor lançado terá acesso ao setor de revisão cadastral da prefeitura, onde poderá pedir a correção caso identifique algum equívoco, em nome do que ele chama de justiça tributária.
Na fala, o prefeito também destaca a manutenção de isenções. Ele afirma que imóveis avaliados em até R$ 120 mil — que, segundo ele, representam mais de 60% dos imóveis da cidade — continuarão isentos de IPTU. Pessoas com deficiência, idosos que moram sozinhos e portadores de doenças graves também permaneceriam sem pagar o imposto, desde que tenham apenas um imóvel. O prefeito diz que essas regras fazem parte do seu plano de governo e resume o argumento com a ideia de que quem tem mais paga mais, quem tem menos paga menos e quem não tem nada não paga nada.
Para explicar o modelo de cobrança, ele compara a lógica do IPTU à do IPVA, dizendo que, assim como quem tem um carro popular paga um valor menor e quem possui um veículo de luxo paga mais, o mesmo princípio deve valer para o imposto sobre a propriedade imobiliária.
Ao final, o prefeito afirma que Betim vive um momento decisivo em razão da reforma tributária nacional e pede que os moradores filtrem as informações antes de acreditar no que chama de politicagem e demagogia barata, atribuídas a versões distorcidas sobre o projeto do IPTU. Segundo ele, a medida pode ser impopular, mas estaria sendo tomada com transparência, responsabilidade e compromisso com o futuro da cidade.
Com isso, o debate sobre o IPTU de 2026 em Betim opõe, de um lado, o vereador Dudu Braga, que vê na proposta um aumento pesado para os contribuintes e associa o projeto à ampliação de cargos na prefeitura, e, de outro, o prefeito, que nega aumento de alíquotas, diz que cumpre determinação do Tribunal de Contas ao atualizar o valor venal dos imóveis e defende a manutenção de isenções para imóveis de menor valor e para grupos específicos da população.










