Uma ocorrência da Guarda Municipal de Betim, até então rotineira, terminou com um desfecho surpreendente e feliz. Tudo começou quando guardas municipais foram acionados por uma agência dos Correios para auxiliar sobre o comportamento suspeito de um homem, que se recusava a sair da agência e estava sem máscara. Chegando ao local, os agentes da segurança pública logo perceberam que aquela não era uma situação comum.
O homem, Fiston Mfumu Ndjimbo, de 34 anos, era um imigrante do Congo, na África, que estava perdido em Betim – mas isso só viria a ser descoberto mais tarde. Confuso, sem documentos, falando outra língua e com caraterísticas de um morador de rua, ele foi encaminhado pela Guarda Municipal à unidade do Centro Pop. No local, ele recebeu os cuidados iniciais, como alimentação e higiene pessoal.
O Guarda Municipal Rafael Magalhães, envolvido diretamente no caso e com muita vontade de ajudar o homem visivelmente perturbado, acionou a Polícia Federal e mesmo a Embaixada do Congo, que não puderam contribuir. O desfecho do caso só foi possível com o auxílio de profissionais da saúde, assistência social e da própria Guarda Municipal de Betim.
“Em uma averiguação em alguns papéis que estavam com o estrangeiro, foi identificada uma declaração de estudo, emitida por uma escola infantil de São Paulo (SP), que relatava tempo de estudo de uma criança na instituição no ano de 2019. Por verificar que o nome da criança teria origem estrangeira, nós suspeitamos se tratar do filho do cidadão”, conta Magalhães. Achando essa brecha pra descobrir a identidade do homem, de imediato o contato foi realizado com a escola paulista, que confirmou a hipótese de filiação e prontamente se dispôs a ajudar. A instituição compartilhou o contato da esposa de Fiston, que, então, pôde ser identificado.
“Nós realizamos o contato com a esposa, e para a surpresa da guarnição, a senhora que atendeu a ligação se emocionou muito com a notícia e relatou que o cidadão estaria desaparecido há mais de sete meses, e que sua família estaria o procurando. Ela confirmou que ele estaria passando por problemas mentais, que, inclusive, teria sido a causa de seu desaparecimento. Diante de tal fato, mantendo um diálogo próximo com a família, nós direcionamos o cidadão ao Cersam Central para tratamento e demais encaminhamentos”, relembra Magalhães.
Solidariedade e carinho resgatam o imigrante
Após um período de um mês de internação, com um cuidado excepcional dos servidores do Cersam, que demonstravam muito carinho e sensibilidade, Fiston Mfumu Ndjimbo se recuperou a ponto de conseguir uma comunicação na língua portuguesa, relatando que é formado em Economia pela Universidade do Congo e que veio ao Brasil para continuar seus
estudos, realizando aqui seu mestrado pela Universidade de São Paulo. Ele se preparava para fazer o seu doutorado, quando iniciou um processo de confusão mental que desencadeou no seu desaparecimento.
Às equipes que o ajudaram, Fiston contou que passou por muitas dificuldades. Disse que não conseguia oportunidade de emprego em sua área, nem mesmo manter os cuidados que sua família necessita. Contou também que tem esposa e dois filhos, um deles, uma bebê que nem mesmo reconhecia, tendo em vista o longo período de desaparecimento.
Depois do tratamento e entendimento de tudo o que tinha acontecido, foi possível realizar a transferência de Fiston, no dia 2 de junho, para uma unidade de tratamento em São Paulo-SP, promovendo o tão sonhado reencontro com a família e sua retomada gradual a sua vida de estudos, trabalho e de seus sonhos.
Pode acontecer com qualquer um, sinta-se um privilegiado por não acontecer com voce, que está lendo este comentário, pois este homem é um filho de Deus, assim como Zaqueu.